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Muitos tipos diferentes de liderança têm sido apresentados e detalhados num sem-número de livros, artigos, videotapes, CD-ROMs, websites, cursos, seminários, conferências, congressos: liderança clássica, liderança progressiva, liderança visionária, liderança transformadora, liderança inovadora, líderes imaginativos, liderança sob incerteza, liderança à beira do caos, liderança criativa, liderança emergente, liderança inspiradora, autoliderança etc. Os autores concordam em relação à grande diferença que há entre gerentes e líderes: os primeiros percebem e resolvem problemas, os últimos veem possibilidades de dissolvê-los (ir além deles, transcendê-los).
Por que o tópico liderança atrai tantos autores? A liderança é vital para a sociedade humana? Ou ela é a memória da vida nas hordas primatas – uma recordação possivelmente arraigada em nosso inconsciente – que faz com que precisemos de pastores? Ou todos, inconscientemente, guardamos a memória dos primeiros dias de nossa infância, quando dependíamos da “liderança” dos que cuidavam de nós? Ou é a sede de poder que se torna tão insuportavelmente forte em alguns indivíduos (grupos, organizações), que eles acabam tendo de procurar continuamente modos de guiar (dirigir, liderar, instruir) os outros?
No paradigma da complexidade, o líder é visto como um indivíduo que emerge naturalmente das interações grupais, com uma capacidade diferenciada de pensar e intuir, sentir e experienciar, relacionar-se com os outros e influenciar de modo saudável as suas mentes, corações e almas.
No paradigma da complexidade, o líder não é uma pessoa dotada da capacidade de guiar (guardar, dirigir, instruir, comandar) os outros. Quando a complexidade da dinâmica social aumenta, amplia-se e se move numa crescente aceleração, torna-se difícil para os líderes revelarem e seguirem até mesmo os seus próprios caminhos, para não falar dos caminhos que os outros devem seguir (presumindo que “os outros” sejam capazes de pensar, sentir e experienciar por si próprios). “Não me siga, siga a você mesmo!”, disse Friedrich Nietzsche em seu Der Wille zu Macht (A Vontade de Poder) – (Nietzsche, 1901). Essas palavras fazem sentido para todos os que navegam pela dinâmica da vida.