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Humberto Maturana e Francisco Varela introduziram a idéia de autopoiese como uma forma de organização sistêmica, na qual os sistemas produzem e substituem seus próprios componentes, numa contínua articulação com o meio. Os sistemas autopoiéticos são autocatalíticos, isto é, não apenas estabelecem, mas também mantêm uma fronteira peculiar com o mundo circundante – fronteira essa que simultaneamente os separa do meio ambiente e o conecta com ele.
Os seres humanos são exemplos de sistemas autopoiéticos – eles se reproduzem numa co-evolução incessante com o meio: as pessoas respondem, (ou seja, reagem, adaptam-se) às mudanças do ambiente e este responde (reage, “adapta-se”) à intervenção humana.
Cada indivíduo tem característica que refletem sua estrutura interna peculiar. Essa estrutura está aberta às mudanças: inevitavelmente evoluímos no curso de nossas vidas.
Como as pessoas dividem entre si o que experimentam e o que sabem (ou pensam que sabem) acerca de si mesmas e do mundo, muitas semelhanças se originam das maneiras pelas quais elas vêem, interpretam e entendem os fenômenos vitais. Mesmo assim, cada indivíduo expressa seu self como uma personalidade única, desde a infância até a velhice. Em todo ato físico, emocional, mental ou espiritual, o self de cada indivíduo reproduz a si próprio, mantendo uma fronteira peculiar com o mundo circundante e “evoluindo” em harmonia com ele.
A reprodução e evolução do self de cada indivíduo, em conexão vital com o seu meio ambiente, é o que chamamos de autopoiese intrapessoal.
Autopoiese Intrapessoal representa a aplicação do conceito original de autopoiese, introduzido por Maturana e Varela na Biologia e por Luhmann nos sistemas sociais, para o self individual, sua realização e evolução.