To read the original in English, click here.
O termo “Autopoiese” foi introduzido por Humberto Maturana e Francisco Varela [1] por volta de 1972, combinando as palavras gregas auto e poiesis (criação, produção) para se referir ao processo pelo qual os sistemas vivos continuamente produzem-se como unidades autônomas.
“Quando falamos em seres vivos, nós pressupomos algo em comum entre eles… Nossa proposição é que seres vivos são caracterizados por, literalmente, estarem continuamente se autoproduzindo. Nós indicamos este processo quando chamamos a organização que os define como sistema autopoético… A característica mais notável de um sistema autopoético é que ele se levanta com as próprias pernas e torna-se distinto do seu ambiente por meio da sua própria dinâmica, de tal maneira que ambas as coisas são inseparáveis.”
A inseparabilidade dos sistemas vivos do seu ambiente, afirmada pela teoria autopoiética, expressa a unicidade do Universo e esta unicidade está no centro de uma doutrina e experiência espiritual. Ver e entender a unicidade da vida é a última direção de uma evolução espiritual.
Na corrente da escrita espiritual a ideia da inseparabilidade é normalmente estendida para incluir não apenas espécies em relação ao seu ambiente, mas também espécies em relação uma à outra. Por esse motivo, a espiritualidade resiste à Biologia Darwiniana segundo a qual a evolução é considerada como uma crônica, competição sangrenta (luta pela sobrevivência) entre indivíduos e espécies. A nova Biologia que tem raízes na Ciência da Complexidade (e a Autopoiese está nesta Biologia) altera essa visão da evolução. A vida não conquistou o globo pelo combate, mas por meio de redes. As formas de vida multiplicaram-se e cresceram mais complexas por meio de cooperação, não apenas por meio da matança.